sábado, 21 de março de 2009

Grande Faixa Grande

Depois de muita tinta, suor e alguns incidentes, finalmente, a faixa dos Amnistisiados foi exposta. Com apenas (apenas?!) cerca de 360 minutos de intensa pintura, 1/2 litro de diluente, três pincéis, tinta preta, amarela e branca conseguimos criar uma extensa faixa alusiva ao nosso Grupo de Estudantes.

Foi bastante difícil conseguir proteger a nossa faixa de eventuais ataques. Aliás, não fomos capazes de
impedir que alguém a espezinhasse com a tinta ainda fresca. À Cinderela de sapatilha Converse All Star, muito obrigada! A faixa ficou com um aspecto mais grunge.

As aventuras desta faixa não ficam por aqui. Depois do ataque maquiavélico das sapatilhas, eis que fica encurralada numa sala com uma fechadura avariada. Passado o fim de semana, a porta é aberta... E foi então que... Descobriram que a faixa não estava na sala! Temeu-se o pior, que a faixa tivesse sido despejada no caixote do lixo.


Quando julgávamos nunca mais ver a nossa obra, eis que ela surge afixada no devido lugar, são e salva!

Um muito obrigada a todos aqueles que participaram, directa ou indirectamente, na concretização desta faixa. :)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Terceiro Campo de Trabalho para Estruturas

No passado fim de semana, 28 de fevereiro e 1 de março, o nosso pequeno grupo rumou até a Foz do Arelho para participar no terceiro Campo de Trabalho para Estruturas, organizado pela Amnistia Internacional Portugal.

Muito se poderia dizer acerca deste admirável e pragmático fim de semana, mas não me quero prolongar muito. Pretendo apenas deixar uma breve apreciação daquilo que foi, para nós amnistisiados, este CTE.

Durante os preparativos da nossa "viagem", muito nos questionamos ao tentar fazer uma antevisão daquilo que poderia ocorrer no encontro de estruturas. Não sabíamos ao certo o que esperar e acabamos por encher as nossas bagagens com expectativas.

E não é que as expectativas foram superadas?

Efectivamente, o CTE acabou por ser bem melhor do que aquilo que poderíamos imaginar. Não só pela quantidade e qualidade de informações que nos disponibilizou, permitindo um melhor conhecimento e compreensão da complexa teia que a AI constituí, mas também pelo lado humano deste encontro. Fomos muito bem recebidas naquele que foi o nosso primeiro verdadeiro contacto com outros membros da AI.

Neste encontro foi importante, acima de tudo, ouvir. Ouvir aqueles que tinham muito para nos dizer, com quem temos muito que aprender. Foi bom poder ouvi-los.

Por volta das 16:15, deu-se como encerrado o terceiro Campo de Trabalho para Estruras e tivemos, com muita pena nossa, que abandonar o encontro. Se na viagem de ida levávamos meras expectactivas, no regresso trouxemos connosco bem mais do que isso... Chegamos a casa cheias de entusiasmo! Ingrediente de especial importântica para aquela que é a nossa missão.

Portanto, julgo que não restam dúvidas... Valeu a pena acordar por volta das 6h da madrugada num sábado, para percorrer os cerca de 300 km que separam Viana do Castelo da Foz do Arelho. Estamos extremamente gratas para com todos os membros que partilharam connosco as suas experiências. Esperemos reencontrá-los de novo, muito em breve, e poder mostrar-lhes os nossos progressos...:)

Binyam Mohamed libertado

Foi com enorme felicidade que recebemos esta notícia. Binyam Mohamed, o etíope residente no Reino Unido, do qual já tínhamos falado a propósito da nossa acção de solidariedade para com os detidos de Guantánamo, foi libertado no dia 23 de Fevereiro, depois de quatro anos encarcerado.

Mohamed acusa o Reino Unido de ter compactuado com a tortura da qual foi alegadamente alvo, durante a sua dentenção.

"Tenho de dizer, mais com tristeza do que com revolta, que muitos foram cúmplices dos horrores que passei nos últimos sete anos," afirma. "Para mim, o pior momento de todos foi quando, em Marrocos, cheguei à conclusão de que as pessoas que me estavam a torturar recebiam perguntas e materiais dos Serviços de Segurança Britânicos."

Acrescenta ainda: "Encontrei-me com os Serviçoes de Segurança Britânicos na Paquistão. Fui sincero com eles. No entanto, as pessoas que eu tinha esperança que me viessem salvar, mais tarde apercebi-me que se tinham aliado com os que me torturavam."

"Eu não peço vingança; apenas que a verdade seja conhecida para que no futuro ninguém tenha de passar pelo que eu passei."

"Espero que compreendam que depois de tudo o que passei não me encontro física ou mentalmente capaz de enfrentar os media no momento de chegada a Inglaterra.", afirmou. "Passei por uma experiência que nunca pensei encontrar nos meus piores pesadelos."

"Antes destas provacações, tortura era uma palavra abstracta para mim. Nunca poderia ter imaginado que seria uma das suas vítimas. É ainda difícil para mim acreditar que fui raptado, arrastado de um país para outro, e torturado de formas medievais - todas organizadas pelo governo americano."

"Apesar de querer recuperar e colocar tudo isso num passado longíquo, sei que tenho um compromisso para com aqueles que ainda permanecem naquelas câmaras de tortura. O meu próprio desespero foi maior quando pensei que todos me tinham abandonado. Tenho o dever de assegurar que mais ninguém será esquecido."

Este é o testemunho do recém libertado Binyam Mohamed. Esperemos que, muito em breve, possamos receber mais notícias como estas. Esperamos pelo regresso de mais detidos à sua liberdade.

(Pedimos desculpa por não ter sido possível postar esta notícia mais cedo.)